Acabei de comer até chegar
naquele ponto horrível em que não é possível nem se mover direito de tanto que
comeu! E, como já é de praxe, estou me sentindo um ser humano admirável e
pleno.
Não! Isso está uma merda!
Tudo ia bem. Inclusive, dias
atrás estive divagando a respeito do quanto minha vida havia entrado nos eixos
e tudo caminhava rumo ao sucesso. E que seria um tanto quanto tendencioso
pensar que eu, mais hora ou menos hora, iria me auto sabotar e tirar um empecilho
do inferno para me atormentar. Pois ai está. Agora tenho um tormento para lidar
e não preciso mais ficar “sem ter o que fazer”.
Nessas férias consegui pegar e
manter uma rotina de treino na academia. A sensação de expurgar os demônios do
corpo é ótima e tudo estava nos conformes até que meu peso começou a subir. Sim,
eu sei, meu corpo irá trocar a massa gorda (que é mais leve e ocupa mais
espaço) pela massa magra (que é mais pesada, porém ocupa menos espaço). Juro que
tentei enfiar isso na minha cabeça a todo custo – “não, seja paciente, o aumento
de peso não é proporcional ao aumento de medidas, espere mais”. Porém, quando
senti as calças começando a apertar, corri me pesar. E depois disso eu me pesei
em mil balanças diferentes, e tirei minhas medidas mil vezes como garantia de
que não estava virando um boi (apesar de pesar como um).
Eu sei que isso deveria ser
encarado como um processo saudável do exercício, mas eu simplesmente não tenho
condições psíquicas de viver com um peso desses. Por que quando vejo que estou
com um peso X, minha mente já trabalhou para que, na primeira vitrine que me
apareça pela frente, eu me enxergue de acordo com o impacto que ver tal peso na
balança me causou – “Puta merda, estou virando um boi!” –, e não com a real
imagem.
Eu sequer sei qual é a minha
real imagem corporal. Sabe quando você olha pro seu rosto refletido, e quando
vira as costas já não consegue lembrar detalhadamente o que viu? É quase isso. Não que o que eu vejo seja bom,
mas a “lembrança” que tenho do que eu vi, é muito, muito pior! O “sentimento”
de estar gorda, é difícil de explicar. Mesmo que tudo o que reflete no mundo
fosse tapado, e eu só pudesse me guiar pelo que sinto com as mãos e pelo que
vejo de mim mesma, ainda existe um “sentimento” de ser gorda. Que se
intensifica quando se come muito, muito, e é atenuado quando se está tonta de
fraqueza no terceiro dia sem comer, ou quando surte o efeito de laxantes e dá
aquela sensação mágica de limpeza interna absoluta.
Às vezes fico zapeando pela
blogosfera entre os blogs atuais de outras de “nós”. Por vezes até penso: “Vou
criar outra identidade, paralela, e me enfiar nesse grupo atual para ver se
consigo emagrecer, como nos velhos tempos!”. Ah gente, não quero me estender no
assunto por que já me dá uma raiva estrondosa. Não generalizando nem nada, até
por que, com 12 anos, talvez as “veteranas” pensassem o mesmo de mim, mas a
minha vontade é de reunir boa parte dessa galera, enfileirar e meter bala na
cabeça.
Quando estava na pré-adolescência,
deixando os brinquedos de lado, pensando em dá-los embora, mas relutante, por
que esporadicamente ainda me dava vontade de brincar com eles. Entretanto,
quando os pegava para brincar, simplesmente não rolava mais e eu os abandonava
logo em seguida. Mesmo querendo e sentindo certa “saudade”, aquilo já não me
pertencia mais. Ficou para trás.
Não quero regredir ao meu
antigo nível de transtorno alimentar. É enlouquecedora a vontade de ter
novamente todo aquele controle e planejamento com alimentação, exercícios,
peso, medidas. Principalmente em dias como hoje, que estou me sentindo horrível.
Mas, os tempos são outros. Se isso fosse um jogo, pode se dizer que eu “Upei”.
A fase anterior passou, os desafios ficaram para trás e surgem agora novos
desafios para novamente enfrentá-los, porém, agora com comportamentos
diferentes e não com os velhos hábitos. Minha vida é outra que há 4 ou 5 anos
atrás, e regredir para o nível de doença desta época acarretaria em uma
avalanche de desgraças se isso voltasse a acontecer agora. Preciso estudar,
trabalhar, fazer estágios, trabalhar mais um pouco. Mesmo que minha vontade
seja tomar laxantes, começar um NF de 5 dias e me pesar rigorosamente toda hora, isto não é mais admissível frente à tudo o que, imprescindivelmente,
tenho que ter forças – como as de quem come todos os dias – para fazer.
7 comentários:
Oi, quanto tempo. Acho que já usei este trecho do Linkin Park como título também. Então, é muito assustador voltar naquela época de tanto controle, não sei com conseguia viver naquela bolha.
Acredite, se você já está indo bem, já é um ótimo sinal.
beijos
Já estive aqui nos blogs, tive meu blog, mas, a 4 anos larguei ele, como vc disse já não fazia parte de mim a vontade de escrever sobre isso. E como vc, eu ainda me encontro com as mesmas neuras, mas, agora eu tenho a minha sensatez para me parar. Hora eu estou super alucinada com meu peso e hora estou nem aí, e assim vai indo. Me identifiquei Mto com seu post, talvez depois eu volte.
E eu te seguia e vc me seguia kkkk
Tambem tenho isso de esquecer os detalhes da minha imagem instantaneamente. Desde sempre. Se pedissem pra fazer um desenho do meu rosto ia sair um negocio bizarro nada-a-ver. Talvez seja algum grau de negacao, por me achar muito feia bla bla.
Coisa bizarra é que eu tenho muita propriocepcao da minha barriga. Eu sei exatamente o tamanho dela, onde ta encostando, onde ta maior, quando ganhei ou perdi peso etc. sem olhar, sem pesar, só de sentir a pressao na blusa e a sensacao de estar carregando ela como se tivesse sentindo o peso de carregar uma bolsa, uma mochila oq for.
tambem recaio nesse dilema de querer morrer de fome mas ter que sustentar a vida adulta rs
Tambem tenho isso de esquecer os detalhes da minha imagem instantaneamente. Desde sempre. Se pedissem pra fazer um desenho do meu rosto ia sair um negocio bizarro nada-a-ver. Talvez seja algum grau de negacao, por me achar muito feia bla bla.
Coisa bizarra é que eu tenho muita propriocepcao da minha barriga. Eu sei exatamente o tamanho dela, onde ta encostando, onde ta maior, quando ganhei ou perdi peso etc. sem olhar, sem pesar, só de sentir a pressao na blusa e a sensacao de estar carregando ela como se tivesse sentindo o peso de carregar uma bolsa, uma mochila oq for.
tambem recaio nesse dilema de querer morrer de fome mas ter que sustentar a vida adulta rs
ps: me conta suas teorias que comentou la no blog
Respondendo ao comment
Acho que estou ainda um passo anterior ao desejo de morte na escala de pensamento suicida hahah.
E são manifestaçoes de apego à vida essas preocupacoes, ao meu ver.
Apenas considero a possibilidade de morrer, e isso é estranho porque muita gente vive como se fosse imortal ignorando completamente o risco cotidiano de morrer fazendo coisas simples e nao tao simples, evitando pensar na propria morte, se afastando disso tipo "coisa ruim". E isso ser o normal/saudavel é que me espanta, na verdade.
(As vezes avanço no pensamento suicida e penso como seria bom morrer, mas aí é outra historia.)
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