sábado, 4 de janeiro de 2014

High Hopes

Hoje acordei sem saber se fico o fim de semana inteiro em absoluto jejum ou se faço um bolo de chocolate para comer inteiro sozinha.
As festas de fim de ano me engordaram e eu estou desesperada, e não fiz nada ainda, nem um vômito, nem um mísero laxante, e nem uma saudável caminhada.
Eu estava bem. Iria até fazer um post otimista de fim de ano – isso antes do Natal, por que depois já era. 2013 acabou gloriosamente bem. Foi um ano realizador, tanto profissional quanto academicamente. E também afetivamente, aquisitivamente, socialmente, pessoalmente. Trabalhei feito um camelo, fiquei doente por cansaço, deixei de dormir e comer por ter outras coisas para fazer, e isso me preencheu de um modo inacreditável. Emagreci também. O fim do ultimo semestre foi tão desgastante, que mesmo depois da comilança natalina, no réveillon ainda comentaram sobre meu peso e cara de acabada e que precisava me cuidar esse ano. “Estou trabalhando e estudando muito, mesmo comendo bastante eu perco peso, deve ser ansiedade”. O que não é de todo mentira. Acho que estou entre as primas mais magras da família agora. Sabem há quantos anos não estou nessa colocação? Lembram-se de uma prima imbecil que morou comigo um tempo, e eu a odiava, porém ela era magra, e fez piadinhas a vida toda por eu ser gordinha? Está um porco de gorda! Bem feito! Agora foi a vez dela de me dar calças que não servem mais, e a minha vez de fazer piadas pesadas. São coisas como essa que me fazem acreditar que, quando alguém nos faz mal devemos suportar e ficar quietos, apenas esperando. Não vale qualquer desgaste, a natureza é a mãe da punição para pessoas más. Uma hora o dela virá, se já não veio.
Não estou empolgada para 2014. Na verdade, estou tão mal pelo peso que ganhei que não consigo sair da cama. Mas, estou esperançosa. Acredito que será outro ano bom. Quero perder mais peso e fazer academia. Não importa que digam o contrário, não existe felicidade para mim sem ter um peso estável e aceitável. Mantive 55kg, e isso foi salvador. Qualquer oscilação acima de 2kg já era um martírio eterno, e ficava realmente depressiva em casa e cheguei a faltar na aula por conta disso. Penso que com 50kg eu seja capaz de me amar um pouco (o que já é uma evolução e tanto para quem queria 40kg).
Esse ano completaram-se 8 anos, quase metade da minha vida sofrendo por conta de peso. Não sei se tenho esperanças de me curar completamente. É uma minoria que consegue isso, pelos blogs nós vemos. Mas agora penso que, assim como nos adaptamos a uma rotina, a um tipo de ambiente ou alimentação, a autoestima também é passível disso. Não sei se procede, pois nunca fui plenamente feliz com meu corpo, mas talvez se eu deixa-lo próximo do aceitável seja possível evitar sentimentos como o de agora, o “gosto de 2007 na boca”. Nunca senti dor que se equiparasse a dor que é odiar a mim mesma.
Dia 6 já voltarei a trabalhar, logo as aulas, os estágios, e assim tudo de volta. Sem grandes expectativas, sempre. Temos que lidar com o que surgir no caminho, e a rotina de gente grande vai nos deixando sem tempo para sofrimentos desnecessários. Talvez essa seja minha única proposta de cura disponível: não ter tempo para me odiar ou me machucar.


Encumbered forever by desire and ambition
There's a hunger still unsatisfied
Our weary eyes still stray to the horizon
Though down this road we've been so many times

Pink Floyd – High Hopes

6 comentários:

Tita disse...

existe vida além dessa maldita obsessão <3
eu inicio 2014 com a maior alegria do mundo de saber que não preciso mais me preocupar com peso:)
vc pode sempre falar comigo <3

Marcy! disse...

Cara, tu já leu teu blog desde o começo pra perceber o tamanho da tua evolução?
Era uma guriazinha que se cortava, pensava em se matar e não sei o que mais... agora está aí, colhendo as amoras da vida ao invés de chorar pitangas. :)

Eu lembro dessa prima, ah se lembro!
Passei por algo parecido, só que estamos as duas gordas, e eu senti pena dela. :( Uma hora conto em detalhes...

Mas queria te dar os parabéns porque tu merece, pela tua evolução.

Drella disse...

está de volta? (:

Drella disse...

sei bem como é, fiquei anos sem postar. em parte era porque eu nao saía do lugar. (eu ainda tou patinando nos 53.5 na verdade :/). mas preciso me expressar, preciso tirar essas coisas de dentro ou enlouqueço (ainda mais).
fiquei feliz pelo elogio (: volta sim

vc era amiga da insane ana/ana insane/algo assim? nao lembro o nome dela, uma que mentia fotos da cory kennedy dizendo que era ela rs

Dinha disse...

VOltou tb =]

M. disse...

"Talvez essa seja minha única proposta de cura disponível: não ter tempo para me odiar ou me machucar", sem delongas ou mais conversas, essa foi a frase mais triste (e autoaplicável) que eu li nesta semana. De todas as formas, espero que você possa seguir em frente sem precisar se bitolar para não machucar a si mesma. Éramos para ser mais do que meras contadoras de calorias e auto-flageladoras em busca de "um peso estável". Existe um mundo à nossa espera e existe uma vida querendo ser vivida. Regurgite esses pensamentos dolorosos, moça. A mesma força que usa para odiar seu corpo e a si mesma, use-a para amar-se um pouquinho, sobretudo, use-a para tentar viver...
A cura, às vezes, requer um tempo ainda maior -não obstante seus desenfreados 8 anos- para acontecer. Apenas não desista de tentar melhorar, ok? (estou sentindo saudade das suas postagens).
=**